“Dedico-lhe o Meu Silêncio”
(MARIO VARGAS LLOSA, 1936-2025)
"A VALSA PERUANA É UMA INSTIUIÇÃO SOCIAL..."
"... uma instituição social que fomenta a amizade e o desejo que favorece o amor."
"... somos um país onde a amizade é frequente e indispensável, para rir, festejar os aniversários e nem que seja para chorarmos os lutos juntos. Que é o companheirismo senão isso? Outra maneira de nos relacionarmos e estender pontes de parentesco com os outros. E a valsa peruana, quando não exalta a saudade pelo passado, favorece a amizade, o companheirismo e, é claro, o amor.
“O ser humano não era um átomo, dizia-se, não era feito para navegar pela vida sozinho, precisava de fazer parte de algo maior, de uma comunidade, de uma pátria que lhe desse sentido e o protegesse. Sem tribo o que seria o homem?”
"A valsa alegra todos os momentos da vida e eu oiço-as assim: ao acordar, entre bocejos; ao meio-dia, a almoçar; à tarde e à noite, a trabalhar, é claro, porque a valsa também inspira e empurra para a ação."
“- Cecília… Há tanto tempo que não te via.
- Nem eu a ti, Toño. Já estava a pensar se nos estávamos a afastar. A deixar de ser amigos, quero dizer, e tu, vê só, nem me lembrava de que o éramos.
- Estive muito ocupado a refazer as minhas pobres finanças e a escrever artigos de manhã e à tarde sobre música crioula. Mas, quanto a amizade, tu és a primeira das minhas amigas. E sê-lo-ás sempre, não te esqueças.
- Assim o espero, Toño. Namorados e amantes vão e vêm. Mas os amigos ficam para sempre e são sempre os mesmos."
MARIO VARGAS LLOSA, escritor peruano (1936-2025), in “Dedico-lhe o meu silêncio”, Ed. Quetzal, 2024
Prémio Nobel de Literatura, 2010
(Frases encontradas nas 252 páginas do livro, aqui alinhadas a meu gosto.)
PERU -"anos 90 (...) Toño Azpicueta, é especialista em música crioula e descobre um guitarrista (…) cujo talento o faz reviver o amor pelas valsas, marineras, polcas e buainos, géneros enraizados na música popular do país. (…) É então que tem a ideia de escrever um livro para contar a história da música crioula… um elemento capaz de provocar uma revolução, quebrando preconceitos e barreira raciais para unir todo o país.”
"Se este romance é o canto do cisne de Vargas Llosa, é difícil imaginar um que fosse melhor.
O sonho utópico da reconciliação através da música."
(The Times Literary Supplement)
(fotos 1 e 2 PIXABAY)
Boa semana.
Uma Santa Páscoa.